Resumo O artigo visa relacionar o desenvolvimento da cidade de São Paulo estruturada no liberalismo econômico e, posteriormente, no neoliberalismo, com os processos atuais de extração de dados por meio de plataformas digitais e empresas big techs baseadas na dataficação. Argumentamos que a soberania de dados é um elemento indispensável à possibilidade de que os cidadãos e administração pública tenham controle sobre os dados pessoais gerados a partir da vida citadina e possam determinar o que a cidade pode vir a ser, considerando a ideia de direito à cidade (Harvey, 2014). Nosso objetivo é realizar um mapeamento exploratório do posicionamento de São Paulo nesse cenário. Para tal, foi feito um levantamento dos dispositivos de dataficação urbanos na cidade operacionalizados pela Prefeitura, mas também pela iniciativa privada. Esse mapeamento resultou em 35 dispositivos, sendo 30 deles com influência direta em processos de mobilidade, consumo e trabalho. Concluímos que São Paulo insere-se no mercado de dados pessoais e que tais processos interferem em diversos elementos da vida urbana, mas que a soberania ainda não é um elemento considerado na tomada de decisão para adoção de tais dispositivos.
Abstract This article aims to relate the development of São Paulo structured on economic liberalism and, later, on neoliberalism, with the current processes of data extraction through digital platforms and big tech companies based on datafication. We argue that data sovereignty is an indispensable element in the possibility that citizens and public administration have control over personal data generated from city life and can determine what the city may become, considering the idea of right to the city (Harvey, 2014). Our goal is to carry out an exploratory mapping of São Paulo's position in this scene. To this goal, a survey was made of the urban datafication devices in the city operated by the City Hall, but also by the private enterprises. This mapping resulted in 35 devices, 30 of which have a direct influence on processes of mobility, consumption, and work. We concluded that São Paulo is part of the personal data market and that such processes interfere in several elements of urban life, but that sovereignty is not yet an element considered in the decision-making process for the adoption of such devices.